‘Brasileiro não sabe se escuta ministro ou presidente’
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, deu ontem uma longa entrevista ao Fantástico, quase 15 minutos, tempo grande para a televisão. “A população olha e fala: mas será que o ministro é contra o presidente?”, ele comentou. “Não há ninguém contra nem a favor de nada. Nosso inimigo, é o coronavírus. Se estou ministro da Saúde, estou por obra de nomeação do presidente.” Ele escolheu cautela, mas não deixou de marcar que há divergência. “O presidente olha pelo lado da economia. O Ministério da Saúde entende a economia, entende a cultura e educação, mas chama pelo lado de equilíbrio de proteção à vida. Espero que essa validação dos diferentes modelos de enfrentamento possa ser comum e que a gente possa ter uma fala unificada. Porque isso leva para o brasileiro uma dubiedade: ele não sabe se escuta o ministro da Saúde, se ele escuta o presidente.” Mandetta também afirmou que, no Brasil, o pior momento da pandemia ainda está longe.“A segunda quinzena de abril seria a que aumentaríamos e que os meses de maio e junho seriam os de maior estresse pro nosso sistema de saúde”, comentou baseando-se nas projeções com as quais trabalha. Mandetta e sua mulher passaram o fim de semana da Páscoa hospedados pelo governador Ronaldo Caiado no Palácio das Esmeraldas, em Goiás. Caiado rompeu recentemente com Bolsonaro por conta, justamente, da pandemia. O ministro reiterou o pedido de isolamento social. Assista ou leia. (G1)
O presidente Jair Bolsonaro tem impressão distinta — para ele, a pandemia já está acabando. “Tenho dito desde o começo, há 40 dias”, falou em uma live de pouco mais de duas horas a líderes religiosos. “Temos dois problemas pela frente, o vírus e o desemprego. Quarenta dias depois, parece que está começando a ir embora a questão do vírus, mas está chegando e batendo forte o desemprego”, completou, na conversa com pastores, padres e rabinos por conta da Páscoa e do Pessach. (Estadão)
Pois é... No sábado, em Goiás mesmo, Mandetta teve um evento público com Bolsonaro. Durante as festas pela inauguração de um hospital de campanha em Águas Lindas, o presidente apertou mãos e abraçou pessoas, provocando constrangimento ao ministro, que se queixou da aglomeração. Segundo o Painel, Mandetta disse que pretende evitar mais aparições com Bolsonaro. (Folha)
Gente próxima do presidente tem uma leitura própria do que está ocorrendo. Acreditam que Mandetta saiu se sentindo fortalecido do episódio da última segunda, quando quase foi demitido. E de que, agora, ele está forçando a barra para ser demitido, conta Chico Alves. (UOL)
Fonte: Meio
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