Justiça determina que fazenda onde crianças coreanas morreram soterradas em Formosa do Rio Preto cumpra normas de saúde e segurança
Caso aconteceu em Formosa do Rio Preto, no oeste da Bahia, em 2022. Decisão da Justiça foi divulgada nesta terça-feira (25) e não cumprimento pode gerar multa de pelo menos R$ 50 mil.
Acidente com cinco crianças ocorreu na Vila dos Coreanos, em Formosa do Rio Preto — Foto: TV oeste |
A decisão foi publicada no domingo (23), mas a informação só foi divulgada nesta terça (25) pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-BA), que abriu a ação contra o grupo econômico que administra a fazenda em Formosa do Rio Preto.
A morte das crianças coreanas aconteceu em abril do ano passado e teve repercussão nacional. Elas saíram para brincar e foram encontradas mortas após serem soterradas em uma vala. De acordo com a prefeitura, duas vítimas tinham 11 anos, outras duas tinham 7 e a mais nova, 6.
Local onde crianças foram achadas mortas — Foto: Divulgação/Polícia Militar |
Segundo a juíza titular, Verônica Franca Costa de Souza, a liminar vai garantir o cumprimento de uma série de normas enquanto a ação tramita. Isso vai evitar que os trabalhadores sigam sendo expostos a riscos, já que a empresa não segue as normas trabalhistas exigidas no Brasil.
Entre as obrigações determinadas pela Justiça, estão: treinar os trabalhadores, fornecer equipamentos de proteção individual e coletiva, elaborar estudo de riscos e isolar e sinalizar as áreas de trabalho.
Além disso, da multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento, para os demais itens previstos na decisão, a multa diária é de R$ 100 mil.
O que diz o MPT
Empresa já era investigada pelas mortes das crianças em 2022 — Foto: Arquivo Pessoal |
A empresa responsável pela fazenda onde as crianças foram soterradas foi processada pelo Ministério Público do Trabalho em julho deste ano.
A companhia sul-coreana já era investigada pelas mortes que ocorreram em 2022 e, durante as investigações, foram descobertas questões trabalhistas. A empresa foi processada por fraudar leis trabalhistas brasileiras para não pagar salários aos funcionários, que são sul-coreanos.
Segundo o MPT, mais de 200 famílias trabalhavam sem contratos de trabalho. A Bom Amigo Doalnara Agropecuária Ltda criou uma cooperativa que, com base na investigação do órgão, era usada pelos empresários para não cumprir a lei brasileira, o que configura fraude. O g1 entrou em contato com a empresa, mas não teve retorno.
O órgão trabalhista quer que a empresa cumpra a legislação e indenize a sociedade em R$ 20 milhões. Além das questões trabalhistas, os funcionários eram obrigados a seguir regras sociais e religiosas.
Fonte: G1 BA
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